sexta-feira, dezembro 15, 2006

Sala de espera

Esperar-te.
Sentar, levantar
(que paredes são estas?)
Esperar-te. Andar. Sentar.
Olhar as rachaduras da porta,
As venezianas fechadas.
(Mas não há ponto, não há espelho que me diga: fica)

Esperar-te: uma revista francesa
Uma revista americana.
Esperar-te. Tic-Tac, tic-tac
O banco duro. Me dói as costas,
O sapato incomoda, o tédio.

Mas olha, se me pedires, acho que me jogo por esta janela opaca de fuligem mil, acho que me caço com fuzil e tudo, acho que vou embora e fico olhando as avenidas transversais, a ti, a mim, ao olhar desesperado do homem com apito, acho que me sujo todo de batom e escuto a vida e paro de não fazer nada, de freqüentar salas não muito ventiladas, acho que me molho e me molho e me molho até virar molho de espaguete, acho que me deixo sobre o armário do banheiro para eventuais necessidades e se pedires direi que a vida já não é bela nem boa, nem porra nenhuma, apenas um eterno passar de mãos no meu corpo desterrado.

5 comentários:

Wilson Guanais disse...

postei lá seu poema.
abraço

Páginas Soltas disse...

Que lindo poema!!!
A prosa está espectacular...muito bem concebida!

Um abraço amigo da...
Maria

Anônimo disse...

Olá

É a primeira vez que visito seu blogue e gostei. Voltarei.

Meu nome é Alexandra Caracol, sou escritora e convido-o a conhecer meu post sobre o Natal em:

http://violada_mas_nao_vencida.blogs.sapo.pt/11770.html

Bem haja

Alexandra Caracol

Anônimo disse...

Seu blog é muito bom!
Uma delícia ler suas palavras...
Adorei, e voltarei sempre...

Um beijo.
:)

Ana Costa disse...

Gostei muito deste texto, tem um certo sabor libertário. Parabéns!