quinta-feira, março 05, 2015

O POÇO


                    Foto by Mauro P. da Silva - Quinta da Baronesa, Bragança Paulista, SP

Poucos, bem poucos, me conhecem.
Piedade no corpo, primeiros sons do dia.
A luz da lua na superficie rasa da água,
O diluido, o copo, a lousa ainda escrita.
Enlaço da cintura, o poço sem fundo,
O que é grave e mórbido, o tempo
O lembrado e esquecido, a cura.
Poucos, bem poucos, me conhecem.
Nota em sol, em lá, em sí.
O cântico infectado pela voz timbrosa
Triste e vazio, mas cheio.
E só.

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

SANTUÁRIO




Pai,
Escutai meu coração de homem.
Minha fortaleza se decompõe,
Meus flancos estão abatidos
A lembrança que trago do tempo
É um santuário de vozes,
De queixas e súplicas.

Pai,
No fio da espada passei meu coração
Perdas foram derrubadas, foi tapada a minha boca,
Á sombra da tristeza descansei meu corpo.
Escuta minha voz, que clamo neste deserto
Nesta cidade imensa de concreto e aço.
Senhor, salva-me, emenda-me, sutura minha dor
Tenho medo da tua mão, ó Pai.