segunda-feira, dezembro 29, 2008

Galhos verdes de mamona

(Foto de Mauro Pereira da Silva - A caminho de Andradina)
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Te mando café moído, cheiro de capim cortado,
Onze-horas abrindo sob o sol de setembro
Arrebol cor de sangue tendo ao fundo
Uma revoada de andorinhas alegres.
Te mando arroz batido em pilão,
Saco de mexericas, goiaba da boa
Melão vermelhinho, açúcar mascavo
Um pouco de areia da rua por onde
Andaste em pequeno, descalço e feliz.
Te mando rosas, azaléias, mamão de vez,
Suco de gabiroba e de tamarindo verde
Galhos verdes de mamona, um céu roxinho
Um redemoinho vespertino de quando
Voltavas da escola (o Álvaro Guião)
E o asfalto até derretia de tanto calor.
Te mando algo que hoje não tens, algo
Que sentes que falta, algo que o dinheiro
Não compra: mando a ti mesmo,
A imagem daquele que se foi para sempre.

domingo, dezembro 28, 2008

Luzes de pirilampos


Exatamente quando o vermelho da estrada me atinge?
Os cupinzeiros destacam-se no pasto verde escuro.
O ruido do motor do carro entrando na noite profunda.
Mato Grosso, Selviria, Três Lagoas, ponte sobre o rio.
Céu escuro como breu, luzes de pirilampos em paralelo.
Meu coração de caipira tremendo entre o balançar das folhas.
De caquizeiros, jaqueiras, mangueirais e rostos distantes
De quem já partiu e jamais verei de novo, jamais.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Arquivos do medo

(Foto de Mauro Pereira da Silva - Entre Ilha Solteira e Andradina, olhando para os lados de Pereira Barreto, esta nuvem estava se precipitando (chovendo), a mais ou menos uns 60 km de distância)
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Repentinas nuvens surgem apoiadas por decessos.
Destroços enormes de céus marcam os aviões perdidos,
Ataques aéreos em pleno vislumbre de dezembro,
Descargas de chuvas, brigadeiros marrons-lilazes
Impedindo comboios de pássaros desnorteados.
Defesa não há nenhuma sequer nem haverá.
Meu abraço, minhas pernas, meus olhos entristecidos
Miram além do horizonte, para trás dos pastos secos
Estrategicamente inseridos sobre o mar de árvores.
Vislumbro algumas cenas, poucos traços que não se formam.
Eu, talvez ainda desfeito em pó e corpo, andaluz trêmulo
Tentando entender o que significa todas estas cores e gestos.

domingo, dezembro 14, 2008

Nenhuma andorinha

(Foto de Mauro Pereira da Silva - Campo próximo a Selviria - Mato Grosso do Sul). para aumentar, clique 2x na foto.


Símbolos cruzam a rua.
Carros, gente, crianças
Com seus livros escolares.
Além dos prédios uma
Nesga azul de céu.
Árvores se destacam
Nas calçadas de cimento.
Nenhuma andorinha.
Nenhum grito de luz.
Nada que marque
O design roxo-lilás
Do filme.

sábado, dezembro 13, 2008

Oração de um refugiado

(Foto de Mauro Pereira da Silva). para aumentar clique 2x na foto


Não acredito em pedras.
Só meu nome não basta
Para rugir trovões.
Declaro morta a palavra.
Diante do tempo nada resta:
Só os justos não movem moinho.
De relance me atrevo.
Não espero compaixão
Já que a vida me basta.
Não acredito em pedras
Nem em mais espinhos
Ou orações dos santos.

domingo, novembro 02, 2008

Passamanarias

(Foto de Mauro Pereira da Silva)
.
para aumentar clique 2x na foto



Aflitas figuras compõem o quadro
Da tarde sonolenta, dos pés marcando
A grama verde úmida de pingos.
Crianças andam de bicicleta e jogam bola.
Velhinhos da terceira idade tentam se recompor,
Mini-saias astuciosas escondem as pernas
Morenas das meninas do colégio em frente.
As formas são excessivas, são genéricas
Passamanarias, compõem-se de cores,
De cheiros, de deuses nos observando
Em variadas poses inexatas.
A finitude me atinge, eu que sou plasma,
eu que habito recônditas cavernas
e solitários muros.

terça-feira, outubro 28, 2008

Vida de gado

(Foto de Mauro Pereira da Silva - Campo próximo a Valparaíso, interior do estado de São Paulo)
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Passa o vaqueiro aboiando
Quase invisível na sela.
Lépido o dia desenha
Pequenas escamas, sóis
Particulares, polvos
Fazendo da cara das pessoas
Um ricto de medo e angústia
Não se sabe se pelo homem,
Ou pelo boi desesperado
Que foge, sem ter para
Onde ir.

sábado, outubro 18, 2008

A arte e a dinâmica da rua

(Foto de Vasco Abranches - Lisboa - Portugal)
www.olhares.com/VascoAbranches


Vagos sons se diluem na mão que passa.
Alguns desenhos na folha de papel
determinam cantos, sopranos alertas,
girassóis amigos. Assim amargo o dia
passará lento e as pessoas não notarão
seu tardar fatal: absortas vivem seus
miseráveis becos, inertes sobressaem
em suas negras capas. Um vendedor anuncia:
“Mexerica, comadre, ao menor preço da cidade!”
e sua voz anasalada pelo auto-falante,
despe as últimas fraldas da rua.
Não adianta.
Atrás do muro sabotadores constroem
bombas de tempo e pintam sangue
nas portas, adoçam guerras
com fragmentos de lágrimas. Desespero
é coisa fria, iceberg de guerrilheiros.
Em minhas lutas, as letras não são trocadas,
apenas as armas são outras, as mãos são outras.
“Vagos sons se diluem na mão que passa”.
Oremos.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Dias Perfeitos

Parque Passaúna - Paraná

Represa do Passaúna - Paraná


Represa do Passaúna - Paraná



Parque de Vilha Velha - Paraná



Via Dutra - nas proximidades de Taubaté



Represa do Passaúna - Paraná



quarta-feira, outubro 08, 2008

O presente e o futuro

Quero oferecer escritas solenes
Triunfantes frases guiando o som
Pelas estradas habituais que vejo.
Palavras sufocadas não vingam,
Letras jogadas sobre a mesa
Parecem frutas de tão verdes
Cifradas no olho de quem escreve.
Estou disposto a formar nova casa
Sobre rochas, sobre guias,
E levar nos ombros as histórias
Que puder levar, leves ou pesadas
Findas ou jamais iniciadas.

Horta


A palavra não é plena
Não seduz o poeta
Nem alimenta o poema.

A palavra não é santa
Legitima o sangue
Do que se planta.

A palavra absorve as cores
Plenário fecundo
De variadas flores.

Examinemos a palavra:
O poeta faz que planta
O que infelizmente não lavra.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Pequena imagem de um dia de sol

(Foto de Ana Rita Ribeiro - Lisboa - Portugal)
www.olhares.com/anarita02


Este longo caminho, onde a noite desce
decorado com flores de pessegueiro
tendo ao lado a simetrica linha
do trem cansado que passava à meia-noite
e ia para os lados do Mato Grosso.
Uma luz distorcida jogava clarões sobre
as parreiras entrecruzadas, os bosques
onde Moura Andrade, no inicio do século
plantou sua fortuna como Rei do Gado.
Caminhos emergem entre ondas de verde
gado branco e poeira vermelha
que distorcem as formas das pessoas
longínquas, uma ilusão causada pelo
espanto de Andradina, atmosfera amorfa
ramos entrelaçados e sólidos de mato.
Forças poderosas crescem ao lado do sol
Rasteiras mudas fecundam raizes
Dunas crepitando esfumaçadas ruas
que não esqueço, mas alimento e desenho
e na memoria conservo e acaricio.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Tipicamente mundano

Estar um pouco é Não Estar.
É um recado de empréstimo, recomendações frescas
De algo que não se repara. Estar um pouco é Não Ser.
Penosa espera de um quadro, uma emoção melancólica
Em uma noite toscamente fria. Estar um pouco
é grave convenção urdida nas trevas.
Calma e desespero, sono, uma sensação
estranha de não-ser, um adoecer gravemente.
O poema não composto, a noite desestruturada
e morna, a mulher sem amor, o amor sem sal.
Estar um pouco é um não-favor
Um filho que não quer nascer. Uma constante
provação de dores e poemas quebrados.
É dormir muito e acordar jamais.

terça-feira, setembro 23, 2008

Poema vespertino

(Fotos de Zé Bicho - Vendas Novas - Portugal)
www.olhares.com/zebicho



O mar, o mar estende suas mãos longas e azuis
Longe de mim, escondendo-se numa cerimônia
Onde só se ouve suas ondas, pestanas de uma
Mulher de olhar azul.
Todo o mundo sabe que significado tem essa pista
Embriagada de sal, resquícios presentes na pele
Na vida, nos pensamentos recentes
E nas promessas.
Dia e noite o barulho fringe, desposa a noite cintilante
Mutila a areia e tira a paz dos mortos,
Transforma em amante com simples toque
E nudez intolerável, a prometida terra do mel.
Embrigado de mar
Embriagado de algodão e frutas azuis
Agudamente suaves, miragens tremeluzentes
Atrás do vasto circulo pálido,
Um coro de luzes marca o breve instante:
O medo de ser e desaparecer em suas ondas
Ou de se atirar totalmente imerso
Em suas asas,
na obscura mistura de salgados.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Jamais o mesmo rio


Algumas coisas se parecem
Pequenos vasos
Pois se caem e se quebram
Jamais serão novamente
A mesma coisa
Como a historia do filosofo
Que disse jamais se banhar
No mesmo rio duas vezes
Algumas coisas compõem
Pequenas tragédias
Que formam a vida
Sempre diferente na essência
Mesmo parecendo ser igual
A tantas outras vidas
Na verdade tudo é etéreo
E ao mesmo tempo cruel
Em sua plenitude de ares
E ventos.
Tudo é sagrado.
Mesmo o vaso que se quebra
Tão facilmente.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Poema do amor iniciado



Há um momento no dia
Sem dúvidas, sem nuvens
Um silêncio mortal e nu
Da cor de gelo.

Há um momento no dia
Que minha alma foge
E se desconsola,
E se parte, em fractais.

Mas amada, teu cheiro
Mesmo assim à distância
Marca o dia, marca o tom
Da tarde avermelhada.

E neste momento, amada
Fronteiras se fragmentam
E assistem desnorteadas
Os gemidos ideais e sutis.

Há um momento no dia
Que raios misteriosos
Mesclam as cores da amada
E as lançam nos campos.

Há um instante qualquer
Que não me falta fôlego
Nem toque, nem nada belo.
E sou imortal.

segunda-feira, agosto 04, 2008

Tantos anos

(Foto de Carlos Lopes Franco - Lisboa - Portugal)www.olhares.com/cfranco

Estacionada, a vida insone no quintal desarrumado.
Roupas qüarando, a vibração de um mundo verdadeiro
de roupas emboloradas e céu cinzento.
Há odores de pessoas trabalhando
um sorriso desdentado de um velho
e eu, que me esqueço às vezes de ser razoável,
preciso urgentemente de uma janela.
Nomes de mortos já na agenda.Tantos anos.
Cães perdidos numa rua mais perdida ainda.
Uma moça feia se manifesta entre as beladonas,
Admiráveis Mundos Novos,
gritos calados numa tarde de 34 graus.
O prédio tremula sob o calor, suas grades desmaiadas
me ferem a vista. Mas não me calo,
deixo impresso no horizonte meu desabafo.

Meu testemunho, o poema

(foto de Pereira lopes - Vila Nova de Gaia - Portugal)www.olhares.com/pereiralopes


Neste exato momento,
o sangue dissipa olmos,
pedaços de árvores
na mata escura que é o meu peito.
Folhas servem-se do chão,
arredias bolas de vento
rodopiando
entre malmequeres.
No caminho
atribulado da tarde,
abatidas princesas
aviltam os olhos tentando
adivinhar qual é o rio
que me leva.
Meu testemunho
é inicio de poema,
saliência mais que perfeita
de outubros.
(Entendo que morro
na floresta baixa
cercado por prisões,
entre ruínas e crianças
e não há princesa
nem engano que me salve
de mim mesmo,
eu que não sou belo
nem eterno).

Primavera de 1984

(Foto de David Pimenta - Coimbra - Portugal)www.olhares.com/davipimenta

Naquela foto
eu estava parado,
perplexo
pela claridade do dia
quando o homem
de bigodes
apertou o gatilho
da máquina negra,
antiga.
Por um momento hesitei:
pisquei os olhos,
gaguejei,
não sabia
onde pôr as mãos
e quis ir embora,
além do tempo.
Por isso estou alí,
atarantado,
vesgo,
olhando um ponto
luminoso
que me violentou
e acabou tirando de mim
aquela espera
de um sorriso,
de um raio imenso
e duradouro
de sol.

O homem e o parto

(Foto de Nelson Ferreira - Vila Nova de Gaia - Portugal)www.olhares.com/AlexLage

A esfera
transparente
quebrada e jogada
em qualquer diagrama
tem o nome de vida.
A vida
está além da noite
em vez de estar
além do homem.
A realidade
dá-lhe horríveis
dores de parto.
Ela é narcisista e total.
Escada onde
ás vezes sinto falta
de um certo
degrau.

domingo, agosto 03, 2008

Rodovia Marechal Rondon

(Foto de Benjamim Vieira - São Miguel - Açores - Portugal)
www.olhares.com/amormaria


Através da SP-310
vejo campos
vermelhos de terra,
preparada terra
para o plantio,
algumas reses
brancas,
certas estradas
vicinais
levando caminhões
de bóias-frias.

A poeira faz nódulos
nas orelhas,
redemoinhos
céleres nos cabelos
e alguns sinais:
Deus está presente,
Deus está contente.
Só não escreve torto mais.


(Do livro "Soldado à beira da fuga", Editora Alaude, 2005)

http://www.livrariaphylos.com.br/

URBE

(Foto de Iva Silva - Porto - Portugal)www.olhares.com/ivapatricia


O fim daquela estrada
é logo alí
entre os seichos,
as coloquiais esferas
da tarde.

Jamais haverá
um minuto tão belo
e tão fugaz,
quanto aquele
que ameaça minha urbe,
minhas muralhas incertas
forçadas
pelas armas dos vândalos.

Não haverá
trombetas nem soldados.
O fim daquela estrada
é logo alí
no meu começo
aprisionado
pelas folhas.

terça-feira, julho 29, 2008

Sempre serei vários

(Foto de Isabel Gomes da Silva - Agualva - Portugal)
www.1000imagens.com/Isabel Gomes da Silva


Sou Uno
Quase um toque
A margem norte
De um rio
Transbordado.

Longas pausas
Existem nas pedras
Chuvas freqüentes
E paradoxais
Molham pontos
De vista.

Estradas me fizeram
Assim, desconexo
Afoito em retomar
Minha odisséia
Minha carga
Sempre.

E muita gente
Não saberá
Este repentino
Assombro
De cartas.

Sou Uno
E sempre serei
Vários
Ao mesmo tempo.

Este tremendo frio
Que assola
A alma
Em si mesma
Contraste
Viagem e sol.

O pouco que sei

(Foto por Isidro - Catanhede - Portugal)
Mais imagens deste artista:

www.1000imagens.com/isidro


Falo
O pouco que sei,
Sobre tardes carregadas de azul,
Ruas molhadas e cheirando
A chuva.
Falo talvez sobre dias
Que não vejo mais
(o quintal antigo, vermelho
de terra,
o cão saltitando
nos idos de 1970,
a calça boca de sino,
o portão balançando
de tão velho),
Falo sobre idas e vindas
E sol
E aulas ardilosas
Atrás de casa
A liberdade ganha
Algumas impressões
Estranhas, os risos
Constantes
De minha mãe.
Falo, mas talvez
Não o bastante
O que devia ser realmente
Falado
Calo fundo
E protesto:
Ouvi uma voz
Que me dizia
Passou.
Segue em frente
E não olhes.

sábado, julho 26, 2008

Joinville - algumas imagens - 2008







Conheci Joinville de uma maneira bem inusitada. Realmente interessante. Existem certas situações onde é necesário sangue-frio. Porque se for só pelo que se vê e se sente, até para lá teria me mudado.
Mas o tempo é mestre de tudo.



quarta-feira, julho 23, 2008

Curitiba - algumas imagens - 2008

Parque Tanguá - Curitiba, estado do Paraná (Brasil)

Parque Tanguá - Curitiba, estado do Paraná (Brasil)

Centro Histórico de Curitiba, estado do Paraná (Brasil)

Centro Histórico de Curitiba

Centro Histórico de Curitiba

Centro Histórico de Curitiba, estado do Paraná (Brasil)





segunda-feira, julho 21, 2008

RIO TIETÊ, PRÓXIMO A ITAPURA

(Foto de Marciano - Maia, Portugal)
contato com o autor:
a_mar_tt@hotmail.com


No verde quase nulo das árvores,
enormes rasgões de luz
sujam a distância,
pombas voam da janela alta,
balas de canhões riscando
um espasmo branco
pelo céu.
Brandas nuvens habitam a praça.
Vielas, cães, crianças,
quase que inertes
na fotografia que se pinta
aleatoriamente.
A tarde despenca no fundo azul.
O mundo cai.

Preâmbulo


(Paisagem próxima a Poços de Caldas, Minas Gerais)


Pai, longas são minhas suplicas,
longa é vossa paciência.
Dirijo-me às estreitas marés,
aos pedaços indeterminados de céus,
suprimindo minhas caldas,
perambulando por estreitos
mas trechos de sal me impedem.

Pai, lágrimas chorei, mas não choro mais.
Como a foz de um rio, tornei-me calmo
resguardando os cascalhos,
nem mais, nem menos, pois meu curso
é o curso das plantas, pouco mais, pouco menos.
Invariável como as pedras.

Voltando para Andradina

Voltei.
A partida não foi importante,
plantada em sonhos e quimeras,
arroubos de um apaixonado poeta.

Voltei,
voltei e o caminho do retorno é dolorido:
a sala não é mais a mesma,
o quarto pintado de salmão
me parece distante,
os livros ainda espalhados
pela mesinha, esperando
as mãos do dono.

Voltei.
E a palavra é pura dor,
cansaço, coração pesado
de angústia e vergonha
de nem sei o quê.

domingo, julho 20, 2008

Sobre a amizade

(A Marco Yukio Sawada, amigo de tantos anos)

Para você, amigo, deixo pão.
Deixo saudade, deixo um caminhão.
Deixo humildade, deixo Salomão.
Deixo cruzes, deixo um caixão.
Para você, amigo, deixo doce,
deixo um poste, deixo um carro,
deixo uma mão.
Não deixo a rima,
nem talvez a cisma.
Te deixo um diamante amigo.
E um vagão.

Qualquer verso tem um caule

Esfrego o ar que é quase fresco
Defronte ao dia surdo que me empurra
Tenho frio, tropeço, fronteiras insistem
em delimitar meu tempo.

Qualquer verso tem um caule,
A maturação desbastada
parecendo um decote
Fachadas de mosteiros
Onde moram demônios irresistíveis.

Me iludo com o dia (essência do movimento)
Me iludo com o dia (cor dos meus olhos,
Sangue das minhas mãos).

Participo da luta corpórea,
existe um lugar que eu sei,
Um ponto de saturação
onde meu corpo não mais arderá.

Dançarino, fabrico o espaço certeiro.
Minha fachada é escura, a lua é desmaiada.
O mundo é desigual.
E quem sou eu?

Com o binóculo na mão


Neste meu céu outonal de maio,
nesta hora única,
observo a moça loira
no edificio pintado de celeste,
como o soutien que ela despe
lentamente.

A janela parece uma tela pintada,
contrastando com a tarde turquesa,
tranqüila, que desequilibra
os menos avisados.
Minhas defesas estão inertes
e a batalha, perdida.

Sou um valente guerreiro
que tenta não olhar para
o tom suave da pele,
desenho inofensivo
extremamente erótico
que o criador deu nos seus
últimos sinais de perfeição.

No meu céu outonal de maio,
nesta hora única, a janela fecha-se,
o prédio desaba em meus olhos.
A tarde morre.
Só o desenho da moça loira
ainda dura.

As dobras de um homem

Para se chegar lá,
só pelos quatro ventos haraganos.
Deixa-se a alma, a entrada é cobrada
em sangue e gritos.
As dobras de um homem
devem ser desdobradas e aradas.
Veias, olhos, falas, não se vislumbram,
sequer se chegam.

Mas antes do término,
mãos de fadas acariciam,
poemas são cantados,
vinhos são derramados
e loucas mulheres nuas
perpetuam a festa.
Para se chegar lá,
é necessário despir a alma,
cortar o espirito,
descer ao último degrau dos infernos.

Deve-se eleger as areias do deserto
e tentar, nelas, achar água,
oásis, sons de hinos.
Para se chegar lá,
antes de vida e morte,
de riso e dores,
de cores e sombras,
é necessário olhar-se
num espelho.

E ver a caveira
verdadeira que se esconde
entre a carne perfumada.

sexta-feira, julho 18, 2008

Estado de Santa Catarina - Vale a pena visitar

Serra do Rio do Rastro, 220 km de Florianopolis, sentido São Joaquim

Eu estive neste lugar maravilhoso, onde nos sentimos pequenos diante da imensidão e do poder de Deus. Não me esquecerei jamais da Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina.


Igreja de Criciuma



O céu de Santa Catarina



O céu de Santa Catarina



Serra do Rio do Rastro - Entre Lauro Muller e São Joaquim (uma das paisagens mais incriveis que vi na vida)



Placa de inauguração do Museu do Ar Livre de Orleans - Santa Catarina



Igreja de Orleans - Santa Catarina



Museu ao Ar Livre - Orleans - Santa Catarina



Paisagem entre São Ludgero e Orleans - Santa Catarina



Igreja de Termas de Gravatal - Santa Catarina















Paisagem entre Braço do Norte e Criciuma, estado de Santa Catarina.