Para se chegar lá,
só pelos quatro ventos haraganos.
Deixa-se a alma, a entrada é cobrada
em sangue e gritos.
As dobras de um homem
devem ser desdobradas e aradas.
Veias, olhos, falas, não se vislumbram,
sequer se chegam.
Mas antes do término,
mãos de fadas acariciam,
poemas são cantados,
vinhos são derramados
e loucas mulheres nuas
perpetuam a festa.
Para se chegar lá,
é necessário despir a alma,
cortar o espirito,
descer ao último degrau dos infernos.
Deve-se eleger as areias do deserto
e tentar, nelas, achar água,
oásis, sons de hinos.
Para se chegar lá,
antes de vida e morte,
de riso e dores,
de cores e sombras,
é necessário olhar-se
num espelho.
E ver a caveira
verdadeira que se esconde
entre a carne perfumada.
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