domingo, julho 20, 2008

Com o binóculo na mão


Neste meu céu outonal de maio,
nesta hora única,
observo a moça loira
no edificio pintado de celeste,
como o soutien que ela despe
lentamente.

A janela parece uma tela pintada,
contrastando com a tarde turquesa,
tranqüila, que desequilibra
os menos avisados.
Minhas defesas estão inertes
e a batalha, perdida.

Sou um valente guerreiro
que tenta não olhar para
o tom suave da pele,
desenho inofensivo
extremamente erótico
que o criador deu nos seus
últimos sinais de perfeição.

No meu céu outonal de maio,
nesta hora única, a janela fecha-se,
o prédio desaba em meus olhos.
A tarde morre.
Só o desenho da moça loira
ainda dura.

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