domingo, dezembro 24, 2006

O mudo mecanismo

Olho a sala de novo e de novo noto a roupa sem passar sobre o sofá vermelho-sangue, comprado a prestações, pêlos deixados pelo gato na mesinha onde revistas caladas fazem ponto. De novo e de novo o mecanismo mudo tritura ossos, lábios e portões automatizados guardam o exterior desbotado que não me atrevo a olhar. Engraçado como a forma é abençoada por Deus, o Deus pavoroso que nos rasga ao meio e nos pune e nos come, o Deus das igrejas. De novo, o surdo chamado das flores, as nádegas da natureza, conflitos entre querer e se odiar por querer, entre o céu e um abismo poderoso de lama. Deus de amor, Deus de algodão, que ao vento me transpassa, salvai-me deste outro ser que também me habita, salvai-me do dia e do tempo, esta doença que corrói e não semeia.

4 comentários:

Anônimo disse...

Hj, dia de Natal fui à minha casinha antiga e lá te encontrei!!!

Amigo, um lindo dia de Natal...

Aquele Blog estava "abendonado", porque havia perdido o código entretanto migrei primeiro para as Comunidades e agora no Sapo.

Um grande abraço
Mel ou AVeneziana

PS: Tb tenho uma gata ... Chama-se Xiluca, é negra e era uma gatinha de rua, abandonada. Hj é um dos meus melhores presentes.
E, curiosamente, tb tenho fotos desta ponte ...
Uma delas no blog de uma amiga ...

Espero rever-te nas minhas Casas do Sapo! E voltarei tb!

Juliana Marchioretto disse...

gostei muito disso, sabia?

beijo

Páginas Soltas disse...

Sempre que aqui venho....adoro o que escreves...lindooo!

Desejo de um Bom Ano Novo...cheio de saúde, paz e amor!

Um abraço amigo da
Maria

M5Sol disse...

Há que respeitar sempre os outros seres que nos habitam, às vezes ajudam-nos em decisões difíceis.