domingo, dezembro 17, 2006

O filho e o pai

Meu Deus
Sou aquele que bate à porta de uma cabana de pedra
dentro da floresta escura;
Aquele que atravessa pântanos sombrios e não
se desvia, e tem medo do que é novo e incontrolável;
Aquele que tropeça entre pedras, rochas,
mas não foge do perigoso escorpião;
Aquele que caminha entre homens que insistem
em lutas já condenadas;
Aquele que tenta pular o muro, mas só consegue
construir negra poesia;
Aquele que dentro da noite planta
cravos e espera colher tâmaras;
Aquele que, não correspondido, se fecha
em copas e ataca as vilas, as cidades, rebela-se
contra o dia claro e ensolarado;
Aquele que, estranhamente, não deseja
a continuidade da chuva, mas se põe a perder entre poeiras;
Aquele que, sendo filho, não busca com muita vontade o pai,
apesar de saber que o dia do encontro é inexorável.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é meu amigo

Será que o pai a que se refere é merecedor do encontro?

Nem sempre o "dever" de filho deve ser cumprido, sobretudo quando está em jogo a sanidade da vida do filho se o pai destrói em vez de ajudar a construir.

Nem sempre são os filhos os "maus da fita" pois pais "maus" também existem.

Condenar é fácil para quem está de fora sem saber o que se passa, e o que se passou no "convento".

Aproximação deve ser tentada, mas quando ela proporcionar desequilíbrio naquilo que já foi construído então se calhar não deve ser concretizada.

Por outro lado, para aquele que acredita existir o PAI dos céus e da terra, Aquele que está sempre de braços abertos para nos receber e é um PAI que não destrói, com Esse não devemos recear a hora do reencontro.

Beijinho.

Alexandra Caracol