quarta-feira, janeiro 30, 2008

Cerejeiras em flor

(Foto "A flor e o reflexo" de Reynaldo Monteiro - Rio de Janeiro - Brasil)

Mantenho a promessa que fiz
Sob as cerejeiras em flor
Naquela noite aguada
Desenhada em vinho

Mantenho porque sou o mesmo
Mesmo debaixo de nuvens de aço
Aroma de laranjas e colunas de ferro
Perpétuas celas onde me tranquei

Mantenho a promessa, sim
Mantenho, mesmo imperceptível
Entre os passageiros do trem
Enfeitado com toalhas de linho

Mil quilômetros me separam
Daquela noite fatídica
Púrpura, elegantes damas
Vestidas de veludo e seda

Espalhei pelos cantos pedaços
De mim mesmo, desordenado
Coberto de restolhos sórdidos
Ouro desmaiado em latas

Mantenho porque ainda resta
Bosques, cerejeiras em flor
Magníficas carrancas azuis
Desordenadas faces e rochedos

Aqui fica meu tempo.
Matizes e crostas plantadas
Nas catedrais de barro
Onde sedento me sustento

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