quinta-feira, janeiro 03, 2008

Sem fruto ou dinastia

Foto do mineiro Claudio Marcio Lopes

Não tem nenhum valor que falemos da dor
Do envelhecimento nobre após os quarenta
Da conduta mais ou menos sensata da fome
A descrição insossa da vida a nos devorar

Há um palácio real onde se grita e se ri?
Há seguras fontes onde a forma não se altera?
Quais as diversas maneiras de se exaltar?
É real o fogo morno que nos alivia e pondera?

Não tem nenhum valor que falemos da dor
Nem costumes há que nos livre do caos
A semente merecida não nos transporta ao céu
Não há serventia para o pobre ou para o velho

Mas me diz alguém:

" - é como uma casa sem meninos e sem cores
chão sem verde, árvore sem fruto ou dinastia
praças inertes de gritos ou musicas abortadas
ideograma de sons totalmente imprecisos"

E então religiosamente casto eu me calo
pois se não sei, o desprezo dos outros me incomoda
ergo uma urna funerária sobre o rosto
e me recolho, e não mais me declaro.

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