sábado, março 15, 2008

Poesia encontrada num papiro egipcio do século XIII

Diz a moça:

"Irmão,
gostaria de ir à lagoa para banhar-me
em tua presença
e deixar-te ver as minhas belezas
na fina túnica de linho
que, banhada, adere ao corpo.
Desceria contigo à água e dela não sairia
senão tendo entre os dedos
um belo peixinho vermelho.
Vem ver-me?"

Diz o moço:

"A irmã querida está lá embaixo,
um rio nos separa,
um crocodilo está estendido
num banco de areia.
Mas quando entro n'água,
caminho por cima dela;
o meu coração é corajoso na água,
e esta é como terra para os meus pés.
O amor que te consagro
me torna assim forte;
lança um sortilégio
contra a água e os crocodilos,
minha irmã, minha amada".

(Poesia egipcia do reino novo, séxulo XIII a.C)

Um comentário:

ÁRVORES DO SIMAO disse...

Caro Phylos, poesias belíssimas das civilizações postaste. Esse tema de "amor fraterno incestuoso" muito me chamou a atenção, é bonito e nem tanto implícito, à moda grega, é democrático. A poesia contemporânea a esse tema ainda se esconde na hipocrisia.
Belas postagens belas melodias!

abraço, simao