sábado, março 17, 2007

Mais que goles

Rumores estacionam.
E vista d’olhos me dizem que já não ouso continuar.
Penso em detalhes, ruas pequeninas e transtornadas,
Estreitas passagens que sequer me comportam.

Fora, qualquer pessoa me agride. Fora, as coisas
Não se firmam nem são tão pequenas a ponto
De não mais me incomodarem.
Escrevo um volume absurdo de contos,
Colares, prumos, cumeeiras sujas por
Pés de passarinhos.

Iludo-me, os hunos já não me apavoram.
O gramado cresce, avanço despreparado
Como um senhor sem destino.
Me coloco à direita das ruas. Desejo mais
que goles, desejo a noite negra e descontrolada,
Os cheiros d'alma tomando
As ruas, a cidade pintada de gritos,
muitos deles meus, supremos gritos.

Há rumores, eu sei, mas não são deste lugar.
Vieram de longe, quem sabe, trazidos pelos carros,
Carruagens vestidas de lata onde homens jazem
Escondidos, reflexos de outros já mortos e
esquecidos.

Um fragoroso céu iluminado por luas.
Um caminho proibido, além de mim o fervor
Realinhado, desenhado em meu rosto rendido.
Anos decorreram e não aprendi como escapar
Das sombras, das trincheiras
e dos minutos.

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