quarta-feira, janeiro 17, 2007

A caminho de Angra dos Reis

Pequenas peças formam-se enquanto dirijo. Parece chuva. A construção é lenta, o passo é lento, duas ou três chaves não bastam para abrir esta porta. O segredo é o segredo do tempo. Arrebol de tardes, campos desenhados nas mãos de alguém que caminha. A câmera está em lenta descida, fiscalizando os poucos pássaros que ousam voar na chuva sazonal. Campos, que ainda não existem, são formulados dentro de cada vizinho que acende a rua. Campos, ainda que não floridos, ainda que não desenhados de fato e de direito, apresentam-se despidos nas esquinas, ponto de órbita de um astro qualquer desfigurado.

As cansadas feiras já não expõem cistos. Trabalho de marinheiro, tiro água de um navio soçobrado. Trabalho de mercador, aquilo que se compra e se vende nas contidas qualidades, necessárias que são ao nosso bom acabamento. Confusos objetos quebram-se. Inflamada, a cidade simplesmente mergulha dentro de si mesma. Misturado a ela, escarpas do que sinto me dão o sustento e resisto. Pesco pérolas, mas submerjo, planta-pai, meridiano, pano só desenhado mesmo não havendo chuva. Ainda não fecundado nos campos do senhor.

2 comentários:

Juliana Marchioretto disse...

poético..

beijo

Anônimo disse...

Gosto dos seus textos!!
Leio-os avidamente...

Na visita que se segue...espero mais...e mais!

Abraço amigo da
Maria