quinta-feira, janeiro 04, 2007

Sobre anos e vertigens

Começo o ano empurrando velhas matas, trilhando caminhos em frangalhos, rios sem peixes, um desastre inicial, um corpo inicial, uma desbotada rosa caprichosamente destacando-se no fundo azul do que virá e ainda não pressinto. Moço ainda descobri sesmarias abandonadas e insuportáveis, vagas cenas que um dia desejei e não tive. Suspensas, as semanas lembram-me livros, certas orgias de cores, algumas moças loiras escondidas em barris de mel. Certos romances que cessam e certamente cessarão, como a vida. O céu sem graça ainda desenha marcas que me ficarão no lento andado dos lentos dias, vazios para sempre.
Algumas furtivas contas foram lançadas além-fronteiras do calendário que compõe o corpo, imensa porta, nosso rótulo de carne e sonhos.
Pura dívida, saldo a pagar, vertigem e mergulho.

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