sexta-feira, janeiro 16, 2009

Anotações de um caipira - parte 2

Parte 2. A rua ainda virgem

 
Todo o vasto peso não verga
O corpo ainda firme.
Todo o vasto peso não verga
Terras ainda virgens.
Todo o vasto peso não verga
Aquela curiosidade
Inerente à alma
Suave luz que decora
Alguns dias sonolentos.

Todo o vasto peso não verga.
Mas assinala dores corporais
O gosto da noite e nunca mais.

(Abaixo da sentinela um ponto se destaca,
Dois ou mais sons, um brilho e um golpe
A intenção do mundo se revolvendo
Como roda de brilho fátuo no caminho
Por onde passa o homem, só e nada mais.)

À meia-luz o rosto se vislumbra
A lua de Andradina destacando-se
No ocaso e no instante que ficou
No calor e bagaço dos corpos
Uma fúria contida, um tiro
Esquina morta, rua morta
Mortos todos, silentes, enfim
Apenas nomes de praças e pombos
E uma imagem já longínqua
Do meu pequeno bairro de Santa Cecilia
que dormia.

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