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Parte 1. A Lembrança como trevo
No inicio era o verbo
Um borrão inédito pintado nos caules das árvores.
No inicio era o nome,
Mas o nome ainda não existia além do tempo,
Ainda não deflagrava gritos, correrias, a longa noite
Se esvaindo entre os dedos,
O apito do trem varando a escuridão dos trilhos.
Havia ma criança natimorta, uma ruazinha tranquila
E mal delineada
Na pupila do homem,
Um mal estar, a tranqüila roça de rododendros
Infestando-se pelos calos do roceiro,
(A mão inerte, extática no ar,
Apontando uma direção desconstruida).
Ouvia um motor dando fortes estalos,
A vida emperrada pelo cortejo
Construção de tijolos vermelhos ainda tremeluzindo
Nos olhos da casa, numerosos amigos
Acenando ao longe, indistintos já, na distância
Da vida que se esvai e se deteriora.
Semi-estrangeiro, alguém libertado das coisas
Enigmas que nos compõe e nos altera das cinzas
E das enormes latas rasas onde somos guardados
Pelo senhor do mundo, pequenas esferas que pulsam
Pulsam e depois repousam
Quando nos chegam os dias de fome.
No inicio, sequer era o Verbo.
Porque o inicio nem era dias
Nem infância era, sequer vislumbram horas
Senão um olho humano e fixo caminhando trôpegamente
Pelas calçadas, onde El-Rei domina as cidades
Do sul, do norte, os meio-termos e o que nos sobra.
Se fosse verbo seria letra,
Seria presente, passado, a eterna poeira que ainda nos envolve.
Seria represa, dom guardado, pequenos pedaços que se foram
Fotografia ainda não revelada,
Não mais que homens correndo ao lado do trilho
Tropeçando em pedras
Numa busca desigual por sua própria imagem
já perdida num antigo espelho.
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