quinta-feira, dezembro 20, 2007

O poema e o seu caminho

Talvez por ainda não ter
a devida consciência
Continuei a crer na luz,
Em danças na floresta
Fluidos e solos de cantos.

Inquietamente ainda acreditava
No tempo deslocado por mundos
Onde repousasse a aurora
Onde a lisonja fosse vã
E os pequenos pontos
Constituíssem o alicerce da vida;

Onde os segredos estivessem em lápides
Confissões fossem proibidas
E todas as coisas fossem claras
E límpidas como um amigo.

Talvez ainda por ser ingênuo e doce
Continuei a crer nos povos
Sem venenos nem malicia
Onde os velhos vivessem mais
E tomassem da rosa como a uma jóia
A despeito de tudo o mais,
A despeito da força e do horror.

Mas escrevo estas frases, escrevo
Com um nó na garganta, uma raiva
imensa e nada santa nem divina
Traçada no branco da página
Tentando colorir com a mão
Com a alvura e a maciez
Este campo desolado.

Um comentário:

Elvira Carvalho disse...

Bonito poema. Com uma forte mensagem de amor e raiva.

UM ABRAÇO, BOM NATAL E QUE 2008, SEJA A CONCRETIZAÇÃO DOS SEUS SONHOS