sexta-feira, junho 20, 2008

Eu e meu Pai


O pai me disse:
Anda.
E andei.

Reina agora um silêncio
Tão profundo
Que já não respondo
Por mim.

O pai me disse:
Vai
E fui.

Homem solene
Ferindo as ruas
Acendendo fachos
E desgostos.

O pai me disse:
Olha.
E olhei.

Mas o que vi
Jamais vi direito
Guerras e ouvidos
Moucos.

Lutas e famílias
Enormes arrastando-se
Em transe.

Jarros de dores
Holocaustos
Confins de mundos
Que nem mesmo
Meu pai
Viu ou foi.

Mas meu pai disse:
Fica.
E fiquei.

Despojo de guerra
Refugiado
Numa cidade
Longínqua
A qual não mais pertenço.

Mas já não temo.

Um comentário:

ÁRVORES DO SIMAO disse...

Caro amigo, gostei muito das idéias, o conjunto harmonioso, antíteses dos encontros da realidade contínua, mas leves e sinceras. Parabéns!

abraço, simao