terça-feira, julho 29, 2008

Sempre serei vários

(Foto de Isabel Gomes da Silva - Agualva - Portugal)
www.1000imagens.com/Isabel Gomes da Silva


Sou Uno
Quase um toque
A margem norte
De um rio
Transbordado.

Longas pausas
Existem nas pedras
Chuvas freqüentes
E paradoxais
Molham pontos
De vista.

Estradas me fizeram
Assim, desconexo
Afoito em retomar
Minha odisséia
Minha carga
Sempre.

E muita gente
Não saberá
Este repentino
Assombro
De cartas.

Sou Uno
E sempre serei
Vários
Ao mesmo tempo.

Este tremendo frio
Que assola
A alma
Em si mesma
Contraste
Viagem e sol.

O pouco que sei

(Foto por Isidro - Catanhede - Portugal)
Mais imagens deste artista:

www.1000imagens.com/isidro


Falo
O pouco que sei,
Sobre tardes carregadas de azul,
Ruas molhadas e cheirando
A chuva.
Falo talvez sobre dias
Que não vejo mais
(o quintal antigo, vermelho
de terra,
o cão saltitando
nos idos de 1970,
a calça boca de sino,
o portão balançando
de tão velho),
Falo sobre idas e vindas
E sol
E aulas ardilosas
Atrás de casa
A liberdade ganha
Algumas impressões
Estranhas, os risos
Constantes
De minha mãe.
Falo, mas talvez
Não o bastante
O que devia ser realmente
Falado
Calo fundo
E protesto:
Ouvi uma voz
Que me dizia
Passou.
Segue em frente
E não olhes.

sábado, julho 26, 2008

Joinville - algumas imagens - 2008







Conheci Joinville de uma maneira bem inusitada. Realmente interessante. Existem certas situações onde é necesário sangue-frio. Porque se for só pelo que se vê e se sente, até para lá teria me mudado.
Mas o tempo é mestre de tudo.



quarta-feira, julho 23, 2008

Curitiba - algumas imagens - 2008

Parque Tanguá - Curitiba, estado do Paraná (Brasil)

Parque Tanguá - Curitiba, estado do Paraná (Brasil)

Centro Histórico de Curitiba, estado do Paraná (Brasil)

Centro Histórico de Curitiba

Centro Histórico de Curitiba

Centro Histórico de Curitiba, estado do Paraná (Brasil)





segunda-feira, julho 21, 2008

RIO TIETÊ, PRÓXIMO A ITAPURA

(Foto de Marciano - Maia, Portugal)
contato com o autor:
a_mar_tt@hotmail.com


No verde quase nulo das árvores,
enormes rasgões de luz
sujam a distância,
pombas voam da janela alta,
balas de canhões riscando
um espasmo branco
pelo céu.
Brandas nuvens habitam a praça.
Vielas, cães, crianças,
quase que inertes
na fotografia que se pinta
aleatoriamente.
A tarde despenca no fundo azul.
O mundo cai.

Preâmbulo


(Paisagem próxima a Poços de Caldas, Minas Gerais)


Pai, longas são minhas suplicas,
longa é vossa paciência.
Dirijo-me às estreitas marés,
aos pedaços indeterminados de céus,
suprimindo minhas caldas,
perambulando por estreitos
mas trechos de sal me impedem.

Pai, lágrimas chorei, mas não choro mais.
Como a foz de um rio, tornei-me calmo
resguardando os cascalhos,
nem mais, nem menos, pois meu curso
é o curso das plantas, pouco mais, pouco menos.
Invariável como as pedras.

Voltando para Andradina

Voltei.
A partida não foi importante,
plantada em sonhos e quimeras,
arroubos de um apaixonado poeta.

Voltei,
voltei e o caminho do retorno é dolorido:
a sala não é mais a mesma,
o quarto pintado de salmão
me parece distante,
os livros ainda espalhados
pela mesinha, esperando
as mãos do dono.

Voltei.
E a palavra é pura dor,
cansaço, coração pesado
de angústia e vergonha
de nem sei o quê.

domingo, julho 20, 2008

Sobre a amizade

(A Marco Yukio Sawada, amigo de tantos anos)

Para você, amigo, deixo pão.
Deixo saudade, deixo um caminhão.
Deixo humildade, deixo Salomão.
Deixo cruzes, deixo um caixão.
Para você, amigo, deixo doce,
deixo um poste, deixo um carro,
deixo uma mão.
Não deixo a rima,
nem talvez a cisma.
Te deixo um diamante amigo.
E um vagão.

Qualquer verso tem um caule

Esfrego o ar que é quase fresco
Defronte ao dia surdo que me empurra
Tenho frio, tropeço, fronteiras insistem
em delimitar meu tempo.

Qualquer verso tem um caule,
A maturação desbastada
parecendo um decote
Fachadas de mosteiros
Onde moram demônios irresistíveis.

Me iludo com o dia (essência do movimento)
Me iludo com o dia (cor dos meus olhos,
Sangue das minhas mãos).

Participo da luta corpórea,
existe um lugar que eu sei,
Um ponto de saturação
onde meu corpo não mais arderá.

Dançarino, fabrico o espaço certeiro.
Minha fachada é escura, a lua é desmaiada.
O mundo é desigual.
E quem sou eu?

Com o binóculo na mão


Neste meu céu outonal de maio,
nesta hora única,
observo a moça loira
no edificio pintado de celeste,
como o soutien que ela despe
lentamente.

A janela parece uma tela pintada,
contrastando com a tarde turquesa,
tranqüila, que desequilibra
os menos avisados.
Minhas defesas estão inertes
e a batalha, perdida.

Sou um valente guerreiro
que tenta não olhar para
o tom suave da pele,
desenho inofensivo
extremamente erótico
que o criador deu nos seus
últimos sinais de perfeição.

No meu céu outonal de maio,
nesta hora única, a janela fecha-se,
o prédio desaba em meus olhos.
A tarde morre.
Só o desenho da moça loira
ainda dura.

As dobras de um homem

Para se chegar lá,
só pelos quatro ventos haraganos.
Deixa-se a alma, a entrada é cobrada
em sangue e gritos.
As dobras de um homem
devem ser desdobradas e aradas.
Veias, olhos, falas, não se vislumbram,
sequer se chegam.

Mas antes do término,
mãos de fadas acariciam,
poemas são cantados,
vinhos são derramados
e loucas mulheres nuas
perpetuam a festa.
Para se chegar lá,
é necessário despir a alma,
cortar o espirito,
descer ao último degrau dos infernos.

Deve-se eleger as areias do deserto
e tentar, nelas, achar água,
oásis, sons de hinos.
Para se chegar lá,
antes de vida e morte,
de riso e dores,
de cores e sombras,
é necessário olhar-se
num espelho.

E ver a caveira
verdadeira que se esconde
entre a carne perfumada.

sexta-feira, julho 18, 2008

Estado de Santa Catarina - Vale a pena visitar

Serra do Rio do Rastro, 220 km de Florianopolis, sentido São Joaquim

Eu estive neste lugar maravilhoso, onde nos sentimos pequenos diante da imensidão e do poder de Deus. Não me esquecerei jamais da Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina.


Igreja de Criciuma



O céu de Santa Catarina



O céu de Santa Catarina



Serra do Rio do Rastro - Entre Lauro Muller e São Joaquim (uma das paisagens mais incriveis que vi na vida)



Placa de inauguração do Museu do Ar Livre de Orleans - Santa Catarina



Igreja de Orleans - Santa Catarina



Museu ao Ar Livre - Orleans - Santa Catarina



Paisagem entre São Ludgero e Orleans - Santa Catarina



Igreja de Termas de Gravatal - Santa Catarina















Paisagem entre Braço do Norte e Criciuma, estado de Santa Catarina.



quinta-feira, julho 17, 2008

Não é hoje o dia

Não é hoje o dia de frestas,
De debochadas figuras desenhando postes.
Nem tampouco é dia de moças loiras
Tempestades sulinas,
Serras do rio do rastro.
Longas viagens solitárias me fizeram ser
Assim, como um bilhete curto,
Apenas um dia de sol na clareira
Uma fome de espírito e musicas.

Não é hoje, não é amanhã,
Não será jamais um dia de morte.
Ao cabo de tudo, serei apenas eu,
Ninguém mais, indo além do mundo
E das coisas, das pessoas e do tempo,
Das limas esverdeadas que delineiam
O caminho dos sons que ainda hoje ouço.

Emocionam-me estas dramáticas poses
Sorrisos que parecem monastérios
Uma irmã mais moça, um irmão perdido
Na longa noite de serenatas.
Na verdade, sou o garoto que partiu
Da cidade, e hoje não é dia de regresso.
Já fui descontraído e alegre, irmão e filho.
Tenho alguns livros, poucas coisas, um velho
Violão empoeirado, talvez uma luva de couro.

Mas hoje não será um dia de chuva,
Nem de sol, nem de figuras ao longe.
Nem será por terras, nem por canais de rios.
Nem por avião, nem por mar, sequer
Pelas porteiras abertas da fazenda onde nasci.
Porque a construção de mim mesmo é lenta
Rubra, oferta sem discussão e sem saída.
Por isso hoje não é um dia qualquer:
É um endereço claro de bem-me-quer.

Coisas da Roça III

Descanso, lazer, nada pra fazer a não ser olhar o dia.
Que bom.

sábado, julho 12, 2008

Coisas da Roça II

Servidos?
Café moido na hora?

sexta-feira, julho 11, 2008

Coisas da Roça

Na minha infância puxei muita água de poço, na base do sarilho. Água fresca, direto do balde.


domingo, julho 06, 2008

Cabelos Grisalhos II


E o cabelinho vai ficando grisalho...ai, ai, ai...

quinta-feira, julho 03, 2008

Viver enquanto é tempo (Eclesiastes)

(Fotografia: Renato Brandão - Amadora/Lisboa - Portugal)
Trabalhos deste artista:
www.olhares.com/rbrandao

(Assim está escrito em Eclesiastes, capítulo 12, versículos de 1 a 8, no Livro Santo, por Salomão, servo do Senhor)

Lembre-se do Criador nos dias da mocidade,
Antes que venham os dias tristes
E cheguem os anos em que você dirá:
“não sinto mais gosto de nada”;
Antes que se escureçam o sol e a luz,
A lua e as estrelas, e antes que voltem
As nuvens depois da chuva;
No dia em que os guardas da casa tremerem
E os homens fortes se curvarem,
Quando as mulheres, uma a uma,
Pararem de moer, e cair a escuridão
Sobre aquelas que olham pelas janelas;
Quando se fechar a porta da rua
E diminuir o barulho do moinho;
Quando se acordar com o canto
Dos passarinhos, e todas as canções
Emudecerem; quando se ficar com medo
Das alturas, e se levar sustos pelo caminho.
Quando a amendoeira estiver em flor,
O gafanhoto ficar pesado, e o tempero
Perder o sabor; é porque o homem
Já está a caminho de sua morada eterna,
E os que choram a sua morte, já começam
A rondar pela rua. Antes que o fio
De prata se rompa e a taça de ouro se parta,
Antes que o jarro se quebre na fonte
E a roldana rebente no poço.
Então o pó volta para a terra de onde veio,
E o sopro da vida retorna para Deus
Que o concebeu.
Ò suprema fugacidade, como tudo é fugaz.
'
"O temor de Deus é o princípio da sabedoria." — Timor Domini initium sapientiae est.