(Foto de Mauro Pereira da Silva - Guarapari, Espirito Santo)
Parte 1.
Senhor,
Sei que alegres são as cabeças
Os meio-dias de quem não contorna
A maravilhosa costa da fé que não é cega.
Mas Senhor eu não nasci para a cegueira.
Não compreendo e o que não compreendo,
Me enerva, me tira do sério, não avisto
A alvorada que tanto busco.
Sei de brisas mais amenas, ancestrais,
Perto de mares e paises coloridos.
Mas Senhor, morro em vida, morro
Sem dormir se não conheço outras cores.
Por mais perigosa seja a travessia, quero
O perigo do contorno, o campo de batalha
E dos desafios, corpos de heróis caindo
Na confusa batalha que é a vida.
Parte 2.
Senhor,
Estou presente no espirito, estou
Avivando a voz que vos chama,
Estou pronunciando a oração e o meu
Silencio, extremas dores amarradas.
Mesmo de vime, meu mundo é este.
Trago na boca o ardil da presa que se
Revolve, o modo do filho que pergunta
Os hábitos dos dias, o correr do tempo,
As possíveis esferas e os gritos vespertinos.
Não por minha culpa, mas apenas por ser
Como trigo no campo, esperando ser ceifado.
A culpa é vossa e também vosso o triunfo.
Ordem tua, sonho teu de criação e perfeição.
Se peco, peco no teu sonho.
Se erro, erro no teu regaço, antigo de Dias.
Se me lanço no espaço, afugentas de ti mesmo
A imagem espectral do primeiro homem,
Que apenas pisou em terra firme.
Se bato as asas ou se busco tua imagem
Fora de templos, em estações antigas
De sabedoria,
Na verdade honro tua forma.
Fui feito à vossa imagem.