segunda-feira, maio 19, 2008

Quando cai um meteorito

(Dedicado a Doraci Trentin Trancoso, minha primeira professora, queridissima, que me ensinou as primeiras letras)

Algumas coisas me causam
um sentimento de temor
E de respeito, ao mesmo tempo.
Certas igrejas solitárias, brancas
Com suas aldravas de prata.
Certos crespúsculos sorrateiros
Que chegam silenciosamente
Em tardes especialmente tristes.

Algumas coisas me causam
Um certo constrangimento.
Veias de prata correndo
Sob a lua e as nuvens
Num céu escandalosamente
Borrado de marrom celeste.
Minha primeira professora
Que me ensinou as primeiras
Letras e seus mistérios.


Me sinto atordoado com
Algumas coisas estranhas
Que me assolam:
O vento que me passa rente
Certos assoalhos escorregadios
Cheiros de comida a tardezinha
Temperos, vinagre, sais.

Sangro luzes e altas redes.
Evoco sons e formidáveis veios
Desenho na vidraça pássaros
Que jamais conheci, jamais.
Só me resta um ar lúcido de cima
De algo que me caiu, dos céus
Um grito, um pedido de ajuda
Desenhado no final do dia
Em danças espetaculares de sol.

E sou pequeno para tantos
pedidos de socorro.

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