domingo, maio 20, 2007

Assim mesmo, o grande fruto nos devora

Pessegueiros desenhados sob o sol do fim do dia.
Furta-cor, o gris da tarde sublinha pelo teu rosto.
Cai o tempo, como cai o corpo sobre outro corpo, lentamente.
E gravado o nome fica, como se o mármore do tempo
fosse um grande relógio, com horas marcadas e beijadas.
Assim mesmo, o grande fruto nos devora.
Sucos, beijos, espermas mal desenhados sobre a pélvis.
O dia explode. A noite situa-se entre o ser e o não-ser.
O devir. Exala por todos os sentidos do poeta a queda
num precipicio de sombras.
O tempo urge, berra como um bezerro no campo.
E nos insere, como palavras quase ditas,
quase escritas, quase doloridas
e intoleráveis.

Um comentário:

Claudia Sousa Dias disse...

Gostei muito deste poema, Phylos.


Excelente.



CSD