domingo, maio 20, 2007

O barqueiro

Basta um só recanto para enxugar
o que me tem matado, o interior da carne,
bloqueio descontínuo e gasto
onde me escondo.
A ligação das coisas é como um recuo
corrida de sombras, espaços mal distribuidos
entre as mãos, barqueiro da morte,
estacionado entre os trilhos.
Toda noite ouço as antigas vozes
raparigas alegres girando sob a lua.
Brônzeos corpos desenhados na água
dormindo o sono, escorrendo as tranças,
ocultando de mim a exata figura.
Que o dia de hoje seja pleno
e não me escorra entre os dedos.
Que o dia seja pleno
e se prolongue além da indagações.

8 comentários:

Maria Carvalhosa disse...

Lindo poema, igualmente ilustrado por uma belíssima fotografia da cidade do Porto. Gosto muito de vir a tua casa, embora talvez nem dês por isso.

Um beijo.

Henrique disse...

Meu caro, que bonito, seu poema!
Isto, sem falar da velha ponte de D.Luís, e dos barcos rabelos, específicos para transportar os barris de vinho do Porto - que bateram cá no fundo e provocaram uma saudade...Um abraço
HenriqueMendes

mafalda disse...

Poema e fotografia cinco estrelas. Aliás todo o blogue merece uma atenção que não pode ser dispensada apenas em breves instantes.
Voltarei.
Um beijo.

Jonice disse...

Que o dia seja pleno e se prolongue para além das indagações.
Muito bom!
Beijinho :)

Maria Romeiras disse...

Continua um espaço de paz... Imagens e palavras que fazem a alma parar. Um abraço.

Anônimo disse...

O poema, os barcos rebelos, a ponte de D. Luís ... uma trilogia harmónica e muito bela.

Um abraço
Mel de Carvalho

www.noitedemel.blogs.sapo.pt
www.maresiademel.blogs.sapo.pt

Claudia Sousa Dias disse...

O Porto!


CSD

Anônimo disse...

"Que o dia de hoje seja pleno
e não me escorra entre os dedos.
Que o dia seja pleno
e se prolongue além da indagações."

Versos teus que destaco para minha oração nessa manhã. Adoro teus poemas. Voltarei.

Beijos Meus,
Vilma Piva