(Foto de Mauro Pereira da Silva - Rio Tietê, quase na fronteira entre São Paulo e Mato Grosso, nas proximidades de Itapura, quando o poderoso Tietê une-se ao Rio Paraná)
(Minha modesta homenagem a Três Lagoas e suas vizinhas:
Ilha Solteira, Itapura, Guadalupe do Alto Paraná e Jupiá)
Um grande círculo rasga o céu para os lados de Mato Grosso
Desenhos sangrando rastros na divisa do Rio Paraná,
Onde a fronteira do possível dá outra perspectiva
Lente distinta de focos e pequenas lanças projetadas
Entre pontas de arvores, pedras sinuosas e rosas.
Morreu algo, percebo, mas não defino exatamente
Se o pequeno foi engolido pelo imenso
Ou se tudo aquilo é pleno de vida, mesmo assim
Transformado em água e gravetos jogados.
Em Três Lagoas, a imagem do Cristo quer ser carioca
Braços abertos apontando a cidade plana e azul
De asfalto, de gente, de carros e burburinho.
Parece de certa forma um cais de promessas
Granjeiros, homens hirsutos com suas botas
Seus chapéus panamá e calosas mãos de trabalho.
Mas me amedrontam as tempestades deste
Centro-oeste bravio e sedutor, farto de grãos e gado.
Me amedrontam as planícies imensas de soja e pasto
As estradas que não se findam, o sol causticante
Que nos projeta em várias figuras cansadas e sedentas.
A visão que tenho não é a visão de paulista cego
Pelo asfalto e suas lamparinas fosforescentes.
Olho com os olhos de filho da terra, talvez ainda
Desconfiado diante do verde violentamente belo
E das mocinhas morenas desfilando em suas bicicletas.
Um comentário:
Filho da terra com olhos de encanto pela mãe que o gerou.
Belíssimo poema e foto!
Recordações de viagens...
Bj meu.
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