domingo, abril 01, 2012

A MOÇA ATRÁS DA JANELA

Foto de Mauro Pereira da Silva - Mandirituba - Paraná

Ela não respondeu.
O prelúdio era a noite
E braços se estendiam em sacrifício pelas ruas.
Já houve um mar, há tempos,
Hoje há apenas um rio e grama,
E quedas estreitas neste mar silencioso.

Ela despencava no sagrado, bela,
Objeto do meu desejo, eu que sou
Espectador deste mundo coberto
De urzes e furacões.

Vejo-a, mas, exasperado pela sua
Pouca compaixão, jogo meu anseio
De imediato e anterior, pelo tempo,
Deliberado e intrínseco.

Um rio se alarga em meus lombos:
Um fogo queima, insone.
Uma casa impossível adormece.

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