Foto de Mauro Pereira da Silva - Planalto (Andradina), Telhado da antiga estação ferroviária.
Um verso enfeita o peito
E evidencia a guerra
Que se trava,
Entre as viagens
E os sóis.
Chove.
Apenas homem,
Por demais sensível,
Olhando as gotas
E os raios
Na tarde sumindo
Atrás da zona leste.
sexta-feira, junho 29, 2012
A VELHA CASA
Foto de Mauro Pereira da Silva - Fazenda dos Prado, Horto Florestal de Rio Claro, Estado de São Paulo
Havia um ponto e depois mais nada. Luz a caminho do mar, um pássaro ausente, grandes estações incrustadas na estrada nua, Deus agindo silenciosamente com todo o seu esplendor. Não há mais ausência na noite, não se sente mais a cidade, a lenta caminhada do presente, o tempo deslizando pelas calçadas para sempre. A casa do meu ser – mesmo não iluminado, mesmo inconformado -, ainda existe. E dentro dela (esta casa ainda descolorida, ainda precisando de uma demão de beijos), a permissão para ser eterno naquele exato momento.
quinta-feira, junho 28, 2012
AO POETA MARIO QUINTANA
Pedra Grande, Atibaia, Estado de São Paulo
Olha só, eu não sei exatamente porque escrevo.
Mas um dia um poeta disse que, mesmo se existisse,
Sozinho, no planeta, em meio a arvores e solidão,
Pedras, mares, chuvas, rios e montes,
Sem nenhum outro ser humano como amigo,
Ele escreveria.
Para aplacar sua dor.
Mas que dor?
A dor de olhar e ver.
A dor de Ser
A dor imensurável de saber-se finito,
E de que um dia, todas as coisas morrerão,
Quando fechar os olhos.
Dói existir.
Olha só, eu não sei exatamente porque escrevo.
Mas um dia um poeta disse que, mesmo se existisse,
Sozinho, no planeta, em meio a arvores e solidão,
Pedras, mares, chuvas, rios e montes,
Sem nenhum outro ser humano como amigo,
Ele escreveria.
Para aplacar sua dor.
Mas que dor?
A dor de olhar e ver.
A dor de Ser
A dor imensurável de saber-se finito,
E de que um dia, todas as coisas morrerão,
Quando fechar os olhos.
Dói existir.
quarta-feira, junho 27, 2012
DRAGÕES E DEUSES
Foto de Mauro Pereira da Silva - Proximidades de São Jose do Rio Preto, estado de São Paulo
Vejo algumas manchas no céu:
Dragões, deuses, aeronaves vermelhas,
Como meu coração em flor.
Vejo cores, vejo estrada.
Vejo os olhos marejados de um velho
Que não tem mais tempo.
Vejo meninos, amadas, lírios, construções antigas.
Velhas estações abandonadas da Alta Sorocabana.
Vejo um padre, a aurora que se encerra, o tempo
Se esvaindo como areia entre meus dedos.
Além do espaço, as algas que se enroscam feito laços
Desenhando neste mar de nuvens coisas
Que não entendo, mas não é preciso.
Porque estão em meus pulsos,
Olhos, boca e mansidão.
Estão em minhas veias:
Um furacão.
quinta-feira, junho 21, 2012
COLEGIAL
Foto de Mauro Pereira da Silva - Algum ponto próximo a Rio Claro, estado de Sp.
Este poema foi escrito no ano de 1982, nos meus 20 anos.
Faz parte do livro "A visão do poeta do além da porta".
Era um tempo em que as águas se faziam verdes,
As calçadas eternas.
Meus irmãozinhos brincavam com o vento
E as estrelas eram contos de princesas.
Mas eu ainda não me esqueci dessas coisas:
Dos meus sapatos de estudante,
Minha calça azul-marinho
Meus poemas guardados na estante
Perdidos
Tão perdidos
Quanto eu.
segunda-feira, junho 11, 2012
UMA HISTORIA
Foto de Mauro Pereira da Silva - Rio Tietê, próximo a Promissão, Estado de São Paulo
O amor é inteiro oferecido,
Ao primeiro barco sobre um rio
Uma tradução de Deus, o espírito sobre as águas,
Manso e perpendicular, como uma vela do barco.
As coisas acontecem, os dias se alongam,
Depressa o amor viaja, águas, sereias, Ulisses,
Lutando contra o canto, a visão da vida e seu
Ponto final, a morte. Resgate de amor e grito.
Mas o amor, este, sustentado pelo rodar enorme
Da vida, este sim, penetra as águas,
E como o espírito de Deus, se mantém no ar,
Em sua leveza condenado a ser sempre só.
Da mesma forma o barco solta e se balança
Sobre as águas deste mundo, esperança de muitos,
Canal de riso e sonho, resgate da alma e seu pó..
O amor é oferecido e quem quiser, que o ame.
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