sexta-feira, outubro 02, 2009

Aveludados

Foto de Mauro Pereira da Silva
Perguntou-me se a porta aparece ou desaparece.
Respondi, já não sei o que me comove.
Insistiu diante de mim, passados minutos
Como se a fúria estivesse em pessoa
Fazendo o jogo na mansarda e nas constelações
De pessegueiros, aveludados e francos.
Respondi, já não sei o que me comove.

Compreendo como homem que nada,
É o centro das coisas contraditórias.
Compreendo como homem que nada
É notável ou maravilhoso, apenas são
Súbitos, qual mármore preto em fachada.

Perguntou-me se o mais infeliz dos seres
Reprovam a vida, escalam montes de pó
E nada perguntam que seja de véspera.
E respondi finalmente, que nada mais
Me comove, mas como homem
Ás vezes choro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Belíssima imagem poética!
Quanta sensibilidade denotam suas palavras, embora em sua poesia diga "já não sei o que me comove".
A vida nos faz endurecer, mas nossa essência, acredito, se mantem.
Parabéns pelos seus lindos textos e fotografias! Um abraço.

Anônimo disse...

Mauro,

choras por seres um homem de sensibilidade aguçada e, apesar das decepções e dificuldades da vida, sem pre será. è a sua, é a nossa natureza.

Como dizia Che Guevara " Há que endurecer sem perder a ternura".

O comentário anterior também foi meu.

Carpe Diem