Deu-me a entender a minha amiga
depois de olhar
Para os lados da rua,
Além das árvores,
Respirar um pouco,
Suspirar uma ou duas vezes
Que a luz que vinha do porto
De areia,
Ou o brilho quase fosco
Que subia da rua santa Terezinha
Eram visões, miragens minhas
Sumiriam com o tempo
Quando,
Adulto engajado nas ruas
De São Paulo, trinta anos depois
eu sequer lembraria,
Daquela tarde brilhante
Sol a pino, extenuante
Como era o sol de Andradina
Em pleno verão de 1973;
Que eu sequer me lembraria
Do nosso segredo
Das frutas roubadas no sítio
De dona Estela
Dos pássaros assassinados
Em emboscadas e arapucas.
Deu-me a entender a minha
Amiga,
Que eu sequer me lembraria
Das nossas idas ao bosque
Olhar ninhos de passarinhos
Olhar ninhos
Olhar ninhos
Que não eram nem nunca foram
de passarinhos.
Mas estava enganada a minha
amiga,
As imagens daquele verão
vivem em mim com tanta força
que as vezes tenho violentos
desvarios, e os anos
Me parecem uma teia frágil
descontruidas,
Mas fixadas em mim
Num eterno e angustiante
caos.
5 comentários:
muito bonito...
O presente chega, mas o poeta está emocionalmente ligado ao passado, sua terra natal, pessoas e lugares.
E me descobri maravilhada , pois o poeta e um praticante fiel á sua infancia.
Fidelidade contextual e Andradina, alusões ao encantamento das visões, do sorriso da MENINA. É assim o Verão e depois o Outono: "...Olhar ninhos/Me parecem uma teia frágil/...fixadas em mim.../angustiante caos".
Caríssimo amigo, bela poesia para si começar a Estação.
abraço, simao
viagem no tempo. arrebatante!!
Olá, Fhilos!
Passei para ver esta tua viagem no tempo e desejar-te uma óptima saúde.
Parabéns.
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