domingo, junho 27, 2010

O país da morte

Nada restou, a não ser a noite e as sementes
A casa negra e o alvorecer,
As palavras e as flores tristes.
Eu desconhecia ecos
Cujo som me envolvia na tarde
Ouvindo o radio, olhando o portão
As madressilvas no pequeno jardim
De minha casa.
Nada restou, nada.
O país da morte ainda se desenha
Num crepúsculo arroxeado e vestido
De luto, nas plumas apressadas em
Um gesto, um tchau distraído
Um caminhar respirando na luz
Quase linear
Do fim de dia.

Construção

Foto by Mauro P. da Silva - Paranapiacaba, São Paulo

Pertenço à minha infância e aos telhados,
aos livros e às figuras,
Motivos de morte, desafios
sob a luz da lua, um lugar de ouvir vozes,
a casa aberta e cheia da noite.
Pertenço aos livros,
manuscritos e neves brancas, às pausas,
Às vozes perdidas e modos tristes,
aos gritos e brinquedos,
Pertenço à vida em fiapos, aos grãos
lançados ao ar.
Pertenço aos pães,
dia após dia, ao levedo branco
- janelas desenhando
as cercas de lá de fora,
Pequenas aldeias dormindo
aos pés das serras o sono tranqüilo
da vida mesclada à morte.
Ainda não estou terminado:
Deus ainda me constrói,
Diariamente.