Havia uma luz parecida com um toco de cigarro,
O vazio e o leve tamborilar dos pássaros,
Nenhum som, nenhum gesto noturno
Apenas um prisioneiro nos olhos do tempo,
A antiga casa verde de madeira
Que te recebeu quando ainda não vinhas.
Uma velha paineira sob os deuses
(pintada como uma velha abelhuda
de plantão no quintal extenso),
dividindo o céu com o flamboyant
esteio de gerações de moleques
correndo entre suas bagas
na expectativa da primavera
saqueando os quintais alheios.
Havia uma casa, dois carros descendo
um homem à frente
dando berros urgentes na buzina,
A camisa branca desabotoada
Descendo a íngreme ladeira
Na noite inevitável de sábado
Quando o clube tocava lembranças
E fazia uma passagem entre a casa o tempo.
Construindo uma força dentro de mim
Construindo algo que eu não entendia
Mostrando que porta ainda existe, a clareira
O rosto desconhecido
Semelhante a este que ainda uso
e cada vez menos, entendo.
Longe, a cara do homem anônimo.
Nosso vizinho, que morava depois da curva
Espécie de calma furiosa
Quando não bebia o suficiente
E chegava em casa de quatro, carregado.
Todo sábado tinha festa perto do pontilhão cinzento
Deslocado no ar e um tanto pequeno,
Na cidade crua como carne na agulha
Mas que nos permitia ver o cartaz do cineminha
deixava ver que era tarde e os motivos eram outros
que a noite era imensa, na pequena faixa.
Entre o ar deslocado da calçada
Onde as famílias conversavam
Sob a luz de candeeiros.
Anos atrás, num circulo mágico de cadeiras
e esquecimento onde o rosto já não mais
se insinua.
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