Foto de Mauro Pereira da Silva - Pitangui, Minas Gerais
A voz quase inaudivel procura cristais
Suficientes caldos que descobrem trens antigos
Jogados em uma velha estação.
Cercada de beleza os quadros pintam cenas
Que eu sei, já se foram, em longinquas valsas.
Quando cheguei, a tarde declinava, o sol
De domingo qüarava roupas em quânticas
Fórmulas, simplificadas em bilhetes curtos.
É só forçar os olhos para se ver as mãos de Deus
Desenhando tudo, de pequenas cores até
Absurdos mantras radicais.
Vagos planos me trouxeram.
Fotos desfocadas iniciaram roteiros
Preso a datas longiquas, manhãs de sol,
Ruas empoeiradas e hoje ilegítimas.
Mas sou protagonista e inicio um gesto
Ligo o que vejo, ouço e penso a tudo isso
E os trens, o bairro antigo, calçadas que pisei
Compõem um traço do que sou, talvez
Desbotado pelo tempo, mas sem duvida,
O melhor exemplo de mim mesmo.